Descrição
Imaginava acorrentado o nordeste!
Insensato! O nordeste tem cerviz de granito e alma de ferro…
Quiseram maleitas e sezões tomar-lhe a vida. Quiseram fragas e penedias ser-lhe estéreis. Quiseram montes e vales tolher-lhe os caminhos. Quiseram deuses e demónios aprisionar-lhe a alma. Quiseram reis e príncipes domar-lhe o pensamento. Quiseram gelos e neves arrefecer-lhe o ânimo. Quiseram os homens, em nome de deus, lavar-lhe o sangue.
Mas o nordeste anda, há milhares de anos, a purificar-se na canícula do vale e a tomar tempero no furacão da montanha e a criar alimento no mel caudaloso do rio e a matar a sede no leite claro e calmo da ribeira e do riacho.